sexta-feira, outubro 09, 2009

Gestos


Caminho, só eu e a minha mente
desvairada a rua vazia amputa a gente
Pois não tenho nada e o nada já é tudo
eu liquido o saldo, que já não era muito.

E nos mares humanos, somos tantos e tão sós
O que somos então, senão girassóis?
Que apontam e rumam para o mesmo lugar
Mas gestos e aparências iguais não dizem nada.

Mais um copo de whisky e cachaça para esquecer
Num bar qualquer vejo a vida entardecer
Com meus amigos sós, cópias de mim tão só
Levo a boca o fumo, num gesto igual ao que vi na TV.

E em casa me deito à uma cama igual a tantas outras
Com lençóis que sufocam e calam-me a boca
Ao tentar recordar de um dia, em que o meu “eu” ator
Não tenha atuado a vida, como numa produção barata e mal dublada de terror.
Rodrigo Barradas

3 comentários:

SOLIA disse...

"E em casa me deito à uma cama igual a tantas outras
Com lençóis que sufocam e calam-me a boca
Ao tentar recordar de um dia, em que o meu “eu” ator
Não tenha atuado a vida, como numa produção barata e mal dublada de terror."
Um vazio representado com palavras tão vivas.
Parabéns Rodrigo, teus textos são excelentes! Me identifiquei demais com eles.

Rodrigo Barradas disse...

Muito obrigado Solia!

Rodrigo Barradas

Anônimo disse...
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