sexta-feira, outubro 09, 2009

Gestos


Caminho, só eu e a minha mente
desvairada a rua vazia amputa a gente
Pois não tenho nada e o nada já é tudo
eu liquido o saldo, que já não era muito.

E nos mares humanos, somos tantos e tão sós
O que somos então, senão girassóis?
Que apontam e rumam para o mesmo lugar
Mas gestos e aparências iguais não dizem nada.

Mais um copo de whisky e cachaça para esquecer
Num bar qualquer vejo a vida entardecer
Com meus amigos sós, cópias de mim tão só
Levo a boca o fumo, num gesto igual ao que vi na TV.

E em casa me deito à uma cama igual a tantas outras
Com lençóis que sufocam e calam-me a boca
Ao tentar recordar de um dia, em que o meu “eu” ator
Não tenha atuado a vida, como numa produção barata e mal dublada de terror.
Rodrigo Barradas