quarta-feira, agosto 15, 2007

As religiões o capital e a sociedade


As Religiões sempre tiveram um papel importantíssimo na divisão social, na segregação e na difusão do pré-conceito discriminatório. Esse fato dá as religiões um status no mínimo curioso: O de força motivadora da paz e reunificadora dos povos, como também aquele instrumento utilizado para semear a discórdia e o ódio através da acentuação de certas diferenças.

Tomemos como exemplo então o casamento de certos indivíduos inseridos numa determinada religião, apenas com outros de sua mesma classe doutrinária dogmática. Judeus e Muçulmanos, são bons exemplos da imposição religiosa frente à convivência social – a crença fala mais alto e torna-se o principal motivo de julgamento de caráter dentre outros fatos.

O ponto em questão, é que outras religiões como o Catolicismo e o Protestantismo, não obrigam o indivíduo em termos “morais” a casarem com iguais de crença, mas os obriga em termos psicológicos. Normalmente quando um(a) protestante vai casar com uma pessoa de outra religião, esse(a) acaba convertido(a) à religião do(a) parceiro(a).

Na busca por uma resposta que vá além da balela da tradição de costumes, cheguei a conclusão que há um fator importantíssimo dentro disso tudo. Esse fator seria simplesmente o lucro, o capital. Vejamos o caso dos Judeus por exemplo: São conhecidos por seu alto poder aquisitivo, e a capacidade de manter um ótimo nível social. Mas porque seria? Oras, a partir do momento em que um determinado grupo social, só permite casamentos entre pessoas da mesma casta, seja essa qual for, o capital sempre circulará dentro desse grupo. Explicando de forma mais clara: Digamos que um Judeu tenha um bom patrimônio e decide se casar com uma cristã – O que aconteceria? Esse Judeu teria de dividir tudo o que tem com uma pessoa de um grupo social diferente, e isso não deixaria a religião judaica feliz, uma vez que as igrejas e templos recebem donativos, ou se preferir dízimos para se manterem. Então quanto mais um membro de uma religião perde dinheiro, a religião em questão também perde. No caso do Judaísmo ou dos países islâmicos, não só a religião estaria sendo prejudicada, mas também o Estado, uma vez que tanto em Israel quanto em grande parte dos países muçulmanos, o Estado e a Religião são uma coisa só.

Se notarmos bem, é o mesmo procedimento adotado aos padres católicos. O Vaticano proíbe o casamento dos padres, não por achar isso uma coisa imoral e pecaminosa, mas sim porque se um padre casar, ele terá dividir seu patrimônio com a esposa, e o patrimônio paroquial é do Vaticano. Essa proibição que na verdade é de natureza gananciosa, acaba por legitimar os assédios e estupros cometidos por padres contra várias crianças em todo o mundo.

Aliado a tudo isso, não devemos esquecer do principal motivo utilizado pelas religiões para conseguir seus objetivos. O medo da condenação por um vil e impiedoso Deus ao inferno dos descrentes ou dos que crêem diferente. Esse é ponto, e é a partir daí que o medo se firma e se torna pré-conceito, tudo isso travestido na mas pura balela da tradição da moral e dos bons costumes.


Rodrigo Valle Barradas.

O ônibus.

O ônibus novo ou velho, traz no ventre tudo de todo tipo
Alucinados, comandados, desajeitados, manipulados e opressores
Burgueses, favelados, protestantes e estupradores
Professores, professados, cientistas, macumbeiros e mal comidos.

A cada estação uma cabeça, um coração
A cada descida uma perda um vazio, um vão
Logo preenchido por mais um louco, um normal
Um padre, um pedófilo, uma criança ou um boçal.

Um assassino, um racista, um pedreiro, um humanista
Um cantor, um vagabundo, um aleijado ou suicida
Prostitutas, santas, lésbicas, ninfomaníacas e feministas
Marxistas, capitalistas, anarquistas e masoquistas.

Todo dia meu amigo é a mesma coisa
O ônibus leva seus sonhos, medos e loucuras embora.
Um navio da esperança ou do desespero
Que te leva à vida, à morte, ao inferno, ao emprego.

Rodrigo Valle Barradas.