As Religiões sempre tiveram um papel importantíssimo na divisão social, na segregação e na difusão do pré-conceito discriminatório. Esse fato dá as religiões um status no mínimo curioso: O de força motivadora da paz e reunificadora dos povos, como também aquele instrumento utilizado para semear a discórdia e o ódio através da acentuação de certas diferenças.
Tomemos como exemplo então o casamento de certos indivíduos inseridos numa determinada religião, apenas com outros de sua mesma classe doutrinária dogmática. Judeus e Muçulmanos, são bons exemplos da imposição religiosa frente à convivência social – a crença fala mais alto e torna-se o principal motivo de julgamento de caráter dentre outros fatos.
O ponto em questão, é que outras religiões como o Catolicismo e o Protestantismo, não obrigam o indivíduo em termos “morais” a casarem com iguais de crença, mas os obriga em termos psicológicos. Normalmente quando um(a) protestante vai casar com uma pessoa de outra religião, esse(a) acaba convertido(a) à religião do(a) parceiro(a).
Na busca por uma resposta que vá além da balela da tradição de costumes, cheguei a conclusão que há um fator importantíssimo dentro disso tudo. Esse fator seria simplesmente o lucro, o capital. Vejamos o caso dos Judeus por exemplo: São conhecidos por seu alto poder aquisitivo, e a capacidade de manter um ótimo nível social. Mas porque seria? Oras, a partir do momento em que um determinado grupo social, só permite casamentos entre pessoas da mesma casta, seja essa qual for, o capital sempre circulará dentro desse grupo. Explicando de forma mais clara: Digamos que um Judeu tenha um bom patrimônio e decide se casar com uma cristã – O que aconteceria? Esse Judeu teria de dividir tudo o que tem com uma pessoa de um grupo social diferente, e isso não deixaria a religião judaica feliz, uma vez que as igrejas e templos recebem donativos, ou se preferir dízimos para se manterem. Então quanto mais um membro de uma religião perde dinheiro, a religião em questão também perde. No caso do Judaísmo ou dos países islâmicos, não só a religião estaria sendo prejudicada, mas também o Estado, uma vez que tanto em Israel quanto em grande parte dos países muçulmanos, o Estado e a Religião são uma coisa só.
Se notarmos bem, é o mesmo procedimento adotado aos padres católicos. O Vaticano proíbe o casamento dos padres, não por achar isso uma coisa imoral e pecaminosa, mas sim porque se um padre casar, ele terá dividir seu patrimônio com a esposa, e o patrimônio paroquial é do Vaticano. Essa proibição que na verdade é de natureza gananciosa, acaba por legitimar os assédios e estupros cometidos por padres contra várias crianças em todo o mundo.
Aliado a tudo isso, não devemos esquecer do principal motivo utilizado pelas religiões para conseguir seus objetivos. O medo da condenação por um vil e impiedoso Deus ao inferno dos descrentes ou dos que crêem diferente. Esse é ponto, e é a partir daí que o medo se firma e se torna pré-conceito, tudo isso travestido na mas pura balela da tradição da moral e dos bons costumes.
Rodrigo Valle Barradas.